A abertura da exposição Paisagem Passagem: uma ponte em 30 dias, de MC Coelho, será nesta quinta-feira, 13/12, às 19h, no Museu Histórico de Santa Catarina, sediado no Palácio Cruz e Sousa, no centro de Florianópolis. Tendo a Ponte Hercílio Luz como personagem principal, a exposição é um diário visual composto por 35 trabalhos executados em lápis de cor aquarelável sobre papel preto, desenhados durante setembro de 2017. A mostra, que foi contemplada no edital de exposições temporárias do museu, pode ser conferida até 3 de fevereiro de 2019.
Paisagem Passagem: uma ponte em 30 dias
A Exposição está baseada num diário visual com a Ponte Hercílio Luz como personagem principal. É um recorte temporal, num ato de desenhar durante todo o mês de setembro de 2017 resultando em trinta e cinco trabalhos com uma mesma técnica: lápis de cor aquarelável sobre papel preto.Todos os desenhos foram executados inloco em uma a três horas, com exceção de alguns poucos que foram concluídos em duas etapas, principalmente em virtude de chuvas ou ventos fortes.
A proposta da exposição é compartilhar os desenhos de uma forma que possam propiciar uma experiência estética com a imersão através da visão do conjunto. As imagens estão dispostas na mesma sequência em que foram desenhadas durante os 30 dias. A cronologia é tal qual o artista foi assimilando a paisagem. Na primeira quinzena os desenhos foram realizados a partir das cabeceiras insular e continental. Na segunda quinzena uma parte é dos desenhos é feitadentro da ponte, junto com as atividades dos operários destacando omovimento constante dos trabalhadores nas passagens da estrutura, sob os andaimes, as torres, subindo e descendo dos guindastes, em terra e em mar.
Foi necessário entender melhor o funcionamento da estrutura de apoio para a desmontagem e reconstrução da ponte. A nova estrutura de apoio que se mistura com a antiga criando uma visão inteiramente nova e efêmera na paisagem. Neste momento a ponte não é apreensível como o velho cartão postal. No lugar de uma totalidade o fragmento, no lugar de linhas simples, a complexidade e hibridismo das formas. Este conjunto estrutural precisava ser visto mais de perto. Foi solicitada uma autorização prévia para fazer algumas visitas técnicas e então desenhar e pintar sobre a passagem da ponte. Para andar na estrutura, além de muita atenção, foi preciso se adequar às normas de segurança: uma maior proteção para os pés, um capacete de obras e sempre portar um casaco corta-vento.
Sobre o processo de trabalho do artista
A ponte é um lugar que o artista costuma desenhar de vez em quando,mas a sequência constante permitiu observar de uma forma mais intensa as passagens do tempo, da luz, dos ventos, dos fluxos das marés. O canal do Estreito é o ponto mais próximo entre a ilha e o continente. Permanecer nas cabeceiras no cotidiano ajudou ao artista perceber parte de um contato perdido com o mar. Perceber cada hora do dia como especial, o começo da manhã, o meio-dia, o fim da tarde. E as noites com as luzes da cidade, dos bairros, a escuridão do céu ampliada pela escuridão da gigante estrutura apenas com as pequenas luzes de alerta verdes e vermelhas. Enfim, uma mudança a cada instante.
Interação com os pescadores e operários da ponte
O processo de trabalho na rua normalmente é desenhar no momento sem precisar continuar o trabalho no atelier, ou seja, não há retoques,não há acabamento. O fato de permanecer algumas horas num único lugar, observando e desenhando acaba propiciando uma interação comas pessoas que estão de passagem. Muitas vezes foram colocadas opiniões sobre o trabalho, sugestões, críticas, mas acima de tudo a admiração da prática do desenho no local e as palavras de incentivo. Houve muitas conversas, risos, confidências. No caso das cabeceiras a presença simpática dos pescadores e moradores que habitam embaixo da grande estrutura e que mantém uma parte desta tradição do encontro com o mar e os ventos.
É difícil dizer qual o ponto de partida das obras dessa exposição.Um deles foi pensar nas duas décadas que separam a defesa da dissertação “Moderna Ponte Velha”, defendida em 1997. Terminava assim: “A esperança foi uma contínua indefinição sobre o seu destino. (…) Algo até parece estar se encaminhando coma reforma dos viadutos na cabeceira insular. Mas esta já é uma outra parte da história da ponte”. Quem sabe uma história que está sendo escrita no contexto atual.
Sobre o artista
Mário César Coelho – ou MC Coelho, como é mais conhecido – é manezinho, como são chamados os nascidos em Desterro/Florianópolis. Arquiteto e professor na Universidade Federal de Santa Catarina, MC desenha e pinta pela cidade – o atelier é a rua – observando pessoas, animais, construções, o cotidiano e as belas paisagens da Ilha de SC e do mundo. Desenha desde criança. No curso de Edificações na Etefesc (atual IFSC), desperta para o desenho de projetos e perspectivas, ingressando em 1978 no Curso de Arquitetura e Urbanismo da UFSC, tomando então gosto pela pintura de aquarela.
Da junção entre o arquiteto e o artista surge o interesse pela História da Arte. Pela UFSC também fez seu mestrado, em História Cultural, com a dissertação Moderna Ponte Velha: Imagem e memória da Ponte Hercílio Luz (1997). O doutorado foi sanduíche com UFSC e EHESS/Paris, com a tese Os Panoramas Perdidos de Victor Meirelles (2006).
Atualmente, pesquisa histórias em quadrinhos e a relação entre desenho, espacialidade e arquitetura. Leciona disciplinas de história e de desenho no Departamento de Expressão Gráfica (EGR), no Centro de Comunicação e Expressão (CCE) da UFSC.
Entre atividades de destaque, estão as exposições Paisagem Passagem: uma ponte em 30 dias, no Museu Histórico de Santa Catarina, sediado no Palácio Cruz e Sousa, Cores Traços Rastros – Desenhos e Aquarelas no Museu Hassis e Construções Deterioradas: Ruínas de Florianópolis, no espaço expositivo da Fortaleza de Anhatomirim, participação como pesquisador no filme Ponte Hercílio Luz: Patrimônio da Humanidade, do diretor Zeca Pires, participação na oficina Bonson revisitado: percursos, o desenho da ponte como capa do jornal Diáro Catarinense (DC) em 16 de maio de 2015, a publicação dos capítulos Victor Meirelles e a Empresa de Panoramas em Victor Meirelles: novas leituras; A Ponte Cartão-Postal em A Casa do Baile; Visões do Desterro em Encantos da Imagem e inúmeras participações em debates, mesas-redondas, bancas e palestras.
Contato com MC Coelho
Instagram: @mccoelho | Site (em construção): https://mccoelho.com |E-mail: [email protected] / [email protected]
Serviço
Exposição Paisagem Passagem: uma ponte em 30 dias de MC Coelho
Abertura: 13/12/2018 às 19 h
Datas: 13 de dezembro de 2018 a 03 de fevereiro de 2019
Local: Sala Martinho de Haro, Museu Histórico de Santa Catarina (Palácio Cruz e Sousa – Praça XV de Novembro, 227 – Centro, Florianópolis)
Horário:
Terça a sexta-feira das 10h às 18h
Sábado, domingo e feriados das 10h às 16h
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